Origem da Umbanda
- Tucaz
- 15 de jun. de 2016
- 6 min de leitura
Esse post refere-se à estudos e pesquisas com total imparcialidade, não colocando a prova as diversas formas de culto ou fundamentos internos dos diversos Terreiros e/ou Ilês.
Existem duas grandes vertentes acerca da origem da Umbanda. A primeira é a de que a Umbanda tem sua origem na Raiz Africana, e a segunda que foi criada no Brasil pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas e o médium Zélio de Moraes, sendo esta a mais difundida. Para termos um melhor entendimento descrevemos abaixo um texto explicativo de um autor desconhecido, mas que sintetiza muito bem a verdadeira história da origem da Umbanda.
PRIMEIRA VERTENTE – RAIZ AFRICANA
"A Umbanda tem origens variadas (dependendo da vertente que a pratica). Em meio as festas nas senzalas os negros escravos reverenciavam os Orixás por intermédio do sincretismo com os Santos Católicos. Nessas festas eles incorporavam seus Orixás, mas também começaram a incorporar os espíritos ditos ancestrais, como os Pretos-Velhos ou Pais-Velhos (reconhecidos como espíritos de ancestrais, sejam de antigos Babalaôs, Babalorixás, Yalorixás e antigos "Pais e Mães de senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante África), que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material daqueles que estavam no cativeiro. Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos-Velhos, como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção. Com os escravos foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei Áurea, começou-se a montagem das Tendas, posteriormente Terreiros. Em alguns Candomblés também começaram a incorporar Caboclos (índios das terras brasileiras como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestrais e passaram a ser louvados. O exemplo disso são os ditos Candomblé de Caboclo. Muito comuns no norte e nordeste do Brasil até hoje. No início do século XX com o surgimento da Umbanda, que muitas vezes era realizada nas praias começou a ser conhecida pelo termo macumba, pois macumba nada mais é que um tipo de reco-reco usado durante as giras; por ser um instrumento musical, as pessoas referiam-se da seguinte forma: "Estão batendo a macumba na praia", ficando então conhecidas as giras como macumbas ou culto Omolokô. Com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava nos ensinamentos impostos pelo catolicismo, protestantismo, e outras religiões, era considerado macumba. Com isso, acabou por virar um termo pejorativo.
SEGUNDA VERTENTE - ZÉLIO DE MORAES
Uma das versões mais aceitas popularmente, mas não cientificamente, pois não existem documentos da época para corroborá-la, é sobre o médium Zélio Fernandino de Moraes. Relata-se que Zélio, em 15 de novembro de 1908, acometido de doença misteriosa, teria sido levado a Federação Espírita de Niterói e, em determinado momento dos trabalhos da sessão Espírita manifestaram-se em Zélio espíritos que diziam ser de índio e escravo. O dirigente da Mesa pediu que se retirassem, por acreditar que não passavam de espíritos atrasados (sem doutrina). Mais tarde, naquela noite, os espíritos se nomearam como Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Paulo. Devido a hostilidade e a forma como foram tratados (como espíritos atrasados por se manifestarem como índio e um negro escravo), essas entidades resolveram iniciar uma nova forma de culto, em que qualquer espírito pudesse trabalhar. No dia seguinte, dia 16 de novembro, as entidades começaram a atender na residência de Zélio todos àqueles que necessitavam, e, posteriormente, fundaram a Tenda espírita Nossa Senhora da Piedade. Essa nova forma de religião inicialmente foi chamada de Alabanda, mas acabou tomando o nome de Umbanda. Uma religião sem preconceitos que acolheria a todos que a procurassem: encarnados e desencarnados. Zélio foi o precursor de um "Trabalho Umbandista " (voltado à caridade assistencial, sem cobrança e sem fazer o mal, priorizando sempre o bem), uma forma "básica de culto" , mas aberta à junção das formas já existentes (ao próprio Candomblé nos cultos Nagôs e Bantos, que deram origem às religiões africanas - Umbanda Omolokô, Umbanda de Pretos-Velhos, aquelas formas mais vinculadas à Doutrina Espírita - Umbanda Branca, aquelas formas oriundas da Pajelança do índio brasileiro - Umbanda de Caboclo, ou mesmo formas mescladas com o esoterismo de Papus - Gérard Anaclet Vincent Encausse, esoterismo teosófico de Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), de Joseph Alexandre Saint-Yves d´Alveydre - Umbanda Esotérica, Umbanda Iniciática, entre outras) que foram se mesclando e originando diversas correntes ou ramificações da Umbanda com suas próprias doutrinas, ritos, preceitos, cultura e características próprias dentro ou inerentes à prática de seus fundamentos. Hoje temos várias religiões com o nome "Umbanda" (Linhas Doutrinárias) que guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que absorveram características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé.
VISÃO ESOTÉRICA SOBRE O VOCÁBULO: UMBANDA
Segundo a corrente esotérica que existe na Umbanda, a origem do vocábulo Umbanda estaria na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahmâ); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. As outras palavras componentes se supõem, como: Bandha, de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra. Autores dessa corrente esotérica, analisando as duas palavras, definiram Umbanda como sendo a junção dos termos Aum + Bandha, que seria o elo de ligação entre os planos divino e terreno. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda.
FORMAS VARIADAS DA UMBANDA
A incorporação de guias também ocorreu em outras religiões, como no Candomblé de Caboclos (desde de 1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Crianças e Pretos-velhos aconteceram dentro do Candomblé de Caboclos), no Catimbó e em centros Espíritas (onde não eram aceitos e, muitas vezes, expulsos ou pedidos a se retirar, por serem vistos como espíritos não evoluídos, ou mesmo, como obsessores).
Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus e Pomba-Giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinária se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
Umbanda Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto, onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias.
Umbanda Traçada - Existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes.
Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis divinas".
Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito.
A UMBANDA, na verdade, ressurgiu em solo brasileiro, através de um movimento organizado pelo astral superior. A UMBANDA data de MILÊNIOS atrás, sendo a síntese perdida dos pilares do conhecimento: A Ciência, a Filosofia, a Religião e a Arte, que se fragmentou com o passar dos séculos. Indo mais longe – A UMBANDA NÃO SURGIU DA JUNÇÃO DE OUTRAS RELIGIÕES, como apregoam por aí. Ao contrário, ELA É A ORIGEM DE TODAS AS RELIGIÕES TRADICIONAIS DO PLANETA, antes mesmo de Zélio de Moraes.
Apesar de ser considerado o marco inicial do Movimento Umbandista, o advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas teve ao que parece, predecessores em sua missão. É o que relata W.W da Matta e
Silva, em sua obra “Umbanda e o Poder da Mediunidade”:
-“Em 1934 tivemos contato com um médium de nome Olimpo de Melo (...) que praticava a linha de Santo de Umbanda há mais de 30 anos ( portanto desde 1904, mais ou menos) e que trabalhava com o Caboclo dito como Ogum de Lei, com um Preto Velho de nome Pai Fabrício e com um Exu de nome Rompe-Mato. Em 1935 conhecemos também o velho Nicanor
( com 61 anos de idade), num subúrbio da Linha Auxiliar, dominado Costa Barros, que sempre afirmava, orgulhosamente, que desde os 16 anos já recebia o Caboclo Cobra Coral e o Pai Jacob (...) portanto, desde o ano de 1890, segundo suas afirmativas”.
Referência Histórico-Literária: A mais antiga referência literária e denotativa ao termo Umbanda é de Heli Chaterlain, em Contos Populares de Angola, de 1889. Lá aparece a referência à palavra Umbanda, como: curador, magia que cura, sinônimo de Kimbanda.

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